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A propósito da inauguração da instalação no Parque da Casa de Mateus de Jardim Pintado, inspirado na tradição dos jardins zen, e da exposição inédita Montanhas Inexistentes, de Manuel Casimiro, a Fundação da Casa de Mateus organiza uma mesa redonda com a presença de Jonathan Dronsfield, filósofo com um olhar muito particular sobre a arte contemporânea, António Cerveira Pinto, artista, escritor e curador, e Sergio Casas, investigador do Departamento de História da Arte da Universidade de Santiago de Compostela.
"O fio condutor de praticamente todas as obras que Manuel Casimiro vem criando desde 1969 é uma espécie de mistério irónico, de cunho pós-estruturalista, a que o próprio autor chama, por comodidade de linguagem, ‘ovóides’.
A estranheza destas formas ovaladas, na sua maioria negras, mas por vezes também azuis, amarelas, vermelhas e, mais recentemente, douradas, foi motivo de reflexão de, pelo menos, quarenta escritores, entre filósofos, historiadores, críticos de arte e romancistas europeus, de onde destaco nomes como os de Agustina Bessa-Luís, José Régio, Eduardo Lourenço, José Augusto França, Bernardo Pinto de Almeida, Paulo Cunha e Silva, Jean-François Lyotard, Pierre Restany, Jean-Hubert Martin, Michel Butor, Vincent Descombes, Christine Buci-Glucksman, René Prédal, Giulio Giorello, José Luis Molinuevo e Jonathan Lahey Dronsfield.
Se alguma metáfora fosse capaz de sintetizar a obra do mais genuíno artista pós-moderno português, esta seria porventura um voo de águia a várias altitudes e velocidades sobre a própria criação artística oferecida democraticamente às massas por meio do que Walter Benjamin chamou a ‘arte na era da sua reprodutibilidade técnica’.
Há, porém, um paradoxo delicioso, talvez muito anti-benjaminiano, na obra de Manuel Casimiro. Servindo-me de uma inspirada categoria antropológica de Alfred Gell, diria que o ‘index’ que assinala a presença de uma obra de Manuel Casimiro, o ovóide a que os que escreveram sobre o dito ‘index’ atribuíram mais de sessenta sinónimos, pela sua sublime presença, faz renascer, por assim dizer, a ‘obra única’, numa espécie de ubiquidade sensível que dá a ver a obra e o autor intervencionados e o autor que intervenciona fazendo nascer uma obra nova. Este desafio à anunciada destruição industrial da aura prolonga, embora num outro universo de referências, o resgate iniciado por Andy Warhol. Dos escombros nominalistas da anti-arte continua a devir, após todas as sentenças de morte, arte."
António Cerveira Pinto
12:30
INAUGURAÇÃO DA INSTALAÇÃO
JARDIM PINTADO
INAUGURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO
MONTANHAS INEXISTENTES
15:00
MESA-REDONDA
O JARDIM PINTADO E AS PINTURAS
QUE JEAN-FRANÇOIS LYOTARD NÃO VIU
COM JONATHAN DRONSFIELD, ANTÓNIO CERVEIRA PINTO E SERGIO CASAS
Para mais informações, contacte-nos através do seguinte e-mail: cultura@casademateus.pt.
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