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Horas antes da estreia da Ópera As Damas Trocadas, o musicólogo David Cranmer, do Departamento de Ciências Musicais da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, fala-nos do compositor, da obra e das voltas que a história lhe deu, da sua escrita no final do séc. XVIII a esta abordagem com instrumentos de época.
Marcos Portugal (Lisboa 1762-Rio de Janeiro 1830), nos anos que se seguiram à sua formação no Real Seminário da Santa Igreja Patriarcal de Lisboa, exerceu funções de organista desta mesma igreja, de compositor e, a partir de cerca de 1784, de diretor musical do Teatro do Salitre. Graças a uma licença com vencimento do seu cargo de organista, surgiu, no segundo semestre de 1792, a oportunidade de procurar fama e fortuna, em Itália, como compositor de ópera italiana. Com a sua primeira ópera, Le confusioni della somiglianza, estreada em Florença, na primavera do ano seguinte, atingiu logo um grande êxito. Nos sete anos que Marcos passou em Itália (com um breve intervalo em Portugal no inverno de 1794/95), apresentou com sucesso uma série de óperas cómicas e sérias novas nos teatros mais prestigiados, tais como o Scala de Milão, o Fiorentini de Nápoles e o Fenice de Veneza. Contudo, foram especialmente as óperas cómicas compostas para o Teatro San Mosè, em Veneza – a opera buffa La donna di genio volubile (1796) e a série de farse, em um ato, das quais se destacou Lo spazzacamino principe (1794) – que tornaram o compositor português um dos mais conhecidos e populares da Europa. Entre estas farse encontra-se Le donne cambiate, a versão original de As damas trocadas.
O libreto, do veneziano Giuseppe Maria Foppa (1760-1845), com um enredo simples e eficaz, baseia-se no que originalmente foi uma ballad opera inglesa, The devil to pay, or the wives metamorphosed (1731), com texto de Charles Coffey. Houve adaptações bem-sucedidas do texto também em francês, por Jean-Michel Sedaine, para a opéra comique Le diable à quatre (1756), e em alemão, da autoria de C. F. Weisse, para o Singspiel Der Teufel ist los oder die verwandelten Weiber (1766). Assim, a nova versão, com a música de Marcos Portugal, de um nível de inspiração sempre elevada, seria, à partida, um triunfo garantido.
Estreada no San Mosè, no dia 22 de outubro de 1797, o êxito de Le donne cambiate foi imediato e estrondoso. Teve 52 récitas, em exibição contínua, até 21 de dezembro, com mais 14 récitas entre meados de janeiro e inícios de fevereiro do ano seguinte. Foi representada também, em 1798, em mais sete teatros no norte e centro de Itália. Para além de Lisboa, chegou a outras capitais europeias como Dresden (1799), Paris (1806) e Londres (1812).
O compositor reviu a sua partitura em Lisboa, para o Teatro de São Carlos, em 1804, substituindo o dueto original do Conde e Condessa por outro destinado aos intérpretes excecionais disponíveis, o basso buffo Giuseppe Naldi e a prima donna Elisabetta Gafforini.
A versão portuguesa, As damas trocadas, existe numa fonte única manuscrita – um conjunto de partes cavas vocais e instrumentais conservado no Arquivo Musical do Museu Biblioteca da Fundação da Casa de Bragança, em Vila Viçosa. A estreia moderna, com base nesta fonte, realizou-se a 9 de novembro de 1994, no âmbito de Lisboa Capital da Cultura 1994, tendo sido utilizada a edição do presente autor. A obra foi ainda repetida em Londres, na semana seguinte, no âmbito do Festival de Clerkenwell, com um elenco quase completamente diferente. Em 2008, houve uma reposição no Rio de Janeiro, integrada nas celebrações dos 200 anos da chegada da corte portuguesa ao Brasil. Esta nova produção veio mesmo a propósito, pois foi pouco antes que se verificou que os manuscritos de Vila Viçosa são de proveniência carioca e não de um dos teatros populares lisboetas, como anteriormente se julgava.
A presente produção aproveita a nova edição (2018) preparada por Nataniel Badué, no âmbito do seu doutoramento na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), baseada igualmente na fonte de Vila Viçosa.
A Ópera tem entrada gratuita. As reservas e levantamentos de bilhetes devem ser feitas junto da bilheteira do Teatro de Vila Real: Tel: 259 320 000 (14h00-20h00); ou bilheteira@teatrodevilareal.com
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Monday to Friday
9am to 5pm
Saturday and Sunday
9am to 5:30pm
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