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A Fundação da Casa de Mateus apresenta, neste mês de Dezembro, através do seu site, documentos do seu Arquivo. Neste mês apresentamos um documento da Secção 12 (1948-1973) do Sistema de Informação da Casa de Mateus (SICM).
Apresentamos em Dezembro um recorte de imprensa acerca da inauguração do Museu da Casa de Mateus, 1961/04/30.
1961, Abril, 30 – Vila Real
Jornal A Voz de Trás-os-Montes com notícia intitulada A cerimónia de inauguração do Museu da Casa de Mateus decorreu plena de beleza, relativa à inauguração do Museu da Casa de Mateus, por iniciativa de D. Francisco de Sousa Botelho de Albuquerque, na qual se descreve a missa celebrada, a procissão, a bênção do Museu e o almoço.
3fls.; 34x45cm; impresso sobre papel; contém indicação de destinatário, Senhor Conde de Mangualde, Avenida dos Estados Unidos, 25 – 6ºDt.º, Lisboa; Jornal A Voz de Trás-os-Montes, Ano XII, nº667 SICM/SSC 12.01/JORNAL.
D. Francisco de Sousa Botelho de Albuquerque foi o 3º Conde de Mangualde, nasceu no Estoril a 16 de Setembro de 1909 e faleceu em Lisboa a 8 de Janeiro de 1973. Foi único filho varão sucedendo á Casa de seus pais, os 2ªs Condes de Mangualde, representante dos títulos de Vila Real e Melo com autorização concedida por certificado do Concelho da Nobreza em 1948 de 20 de Janeiro.
Casou com D. Maria Adelaide de Sousa Canavarro de Meneses Fernandes Costa em 19 de Julho de 1938, em Capela armada no Solar de Mangualde, tendo-se divorciado a 9 de Dezembro de 1954. Desta união nasceram quatro filhos, Maria João de Sousa Botelho de Albuquerque, Fernando de Sousa Botelho de Albuquerque, Maria Isabel de Sousa Botelho Albuquerque e Francisco José de Sousa Botelho de Albuquerque.
Dedicou –se á administração da Casa de Mateus juntamente com sua mãe a partir de 1943 que tinha em vista à exploração de produção de culturas e exploração da criação de gado.
Para além da administração, D. Francisco desenvolveu a divulgação cultural do palácio de Mateus (…) a sua formação académica e o seu pragmatismo inovador fizeram-no apostar em profundas obras de beneficiação e embelezamento de Mateus, em especial, o espaço envolvente do edifício, assim como numa gestão mais empresarial e eficiente da parte agrícola.
Por iniciativa do 3º Conde de Mangualde o edifício do palácio de Mateus sofreu várias intervenções a nível arquitectónico, no seu interior e toda a sua área exterior envolvente, como foi o caso do jardim aquático construído num dos lados do túnel de ciprestes (que já se encontrava plantado), desenhado por António Lino em 1948; em 1950 a biblioteca de Mateus foi alvo de obras de recuperação; e em 1952 foi construído um rink de patinagem e o campo de crequet sofreu algumas remodelações.
Outras das áreas de interesse que despertou o 3º Conde de Mangualde foi a valorização do arquivo da Casa, permitindo que se estudasse os documentos, como foi o caso da arquivista e investigadora Luísa da Fonseca que esteve em Mateus, de Abril a Dezembro de 1952 para estudar documentos sobre o Brasil, no âmbito das Comemoração do 1º Centenário da Emancipação do Paraná, que se realizou em 1953. Acabando por regressar no ano seguinte, em Agosto de 1953, para dar continuidade ao seu trabalho de investigação sobre a actividade profissional do 4º Morgado quando esteve no Brasil.
O interesse pela divulgação do Arquivo da Casa foi-se manifestando cada vez mais, tendo-se envolvido no projecto de aquisição e microfilmagem de cerca de 6.000 documentos relativos ao governo da Capitania de São Paulo por D. Luís António de Sousa Botelho Mourão e levada a cabo pelo historiador Dr. Jaime Cortesão que, por carta recebida do 3º Conde de Mangualde, de 11 de Novembro de 1952, foi autorizado a ir a Mateus recolher informação para a Exposição das Comemorações do 4º Centenário da fundação da Cidade de S. Paulo.
D. Francisco Albuquerque apercebendo-se da importância histórico-cultural do acervo documental da Casa de Mateus, em 1959 admitiu Luís de Bivar Guerra em Mateus para assumir funções culturais (…) especialista em Genealogia e Heráldica, Bivar Guerra era, sem dúvida, a pessoa preparada para revisitar toda a memória vivida de Mateus (…)
Em 1959 se deveu ao 3º Conde de Mangualde, a criação do ex-libris da Casa de Mateus, desenhado por António Miguel.
Com vista à valorização do edifício do Palácio prosseguiram-se com as obras de remodelação e aperfeiçoamento, D. Francisco projectou o lago designado por espelho de água, assim como, toda a sua área envolvente, que foram concebidas por volta de 1961. Esta obra arquitectónica e o plano de plantação de árvores. nesta área foram atribuídos ao arquitecto paisagista Gonçalo Ribeiro Teles.
O portão de entrada do palácio de Mateus também foi alvo de remodelações, sofrendo algumas alterações na sua fachada, como se pode verificar nas fotografias que se conservam no Arquivo da Casa de Mateus.
Em 21 de Abril de 1961 foi inaugurado o museu da casa de Mateus, numa cerimónia de grande prestígio com a celebração de missa pelo bispo de Vila Real, o Reverendo Monsenhor Serafim de Oliveira, e á realização de uma procissão até ao museu, como se poderá apreciar nas fotografias deste evento que também se conservam no Arquivo da Casa de Mateus. Foi pela primeira vez, que a Casa de Mateus realizou uma exposição do seu valiossíssimo acervo documental ao público.
A capela da Casa de Mateus também sofreu remodelações nomeadamente, no seu interior. Procedeu-se ao retoque das pinturas de todos os altares inclusivamente o altar mor, guarda vento e côro, alterou-se a localização da mesa do altar em pedra tendo sido deslocada, fez-se uma adaptação do antigo confessionário para o altar da senhora da boa viagem, introduziu-se a electrificação na abóbada, janelas e sarcófago de S. Marcos e ainda se mobilizou o corpo central da capela com bancos genuflexórios.
Em 1963 o 3º Conde de Mangualde foi homenageado com a inauguração de uma rua em Mateus com o nome de Rua dos Condes de Vila Real, Morgados de Mateus, tendo-lhe sido entregue o diploma de honra intitulado “Primeiro Filho e Homem Bom” pelo Sr. César Monteiro.
A criação da Fundação da Casa de Mateus foi um dos marcos mais importantes da geração do 3º Conde de Mangualde, no sentido de preservar e salvaguardar o património histórico-cultural e familiar que envolvia. Foi Director Delegado desta Fundação, tendo prescindido à sua remuneração em benefício da própria Fundação.
A instituição da Fundação da Casa de Mateus fez-se por escritura de 03.12.1970, com estatutos aprovados no despacho do Ministro da Educação Nacional em 31 de Julho de 1969, publicada no Diário de Governo na III série de 8 de Março de 1971, onde obteve reconhecimento para a instituição da Fundação da Casa de Mateus., (…) as Fundações, cujo instituto legal está regulado pelo Código Civil Português (art.º 185º a 194º) são acervos de bens deixados pelo instituidor, e ficam por sua vontade afectos a uma pessoa colectiva para a prossecução de determinado fim. Dado que esses acervos patrimoniais ficam subtraídos à livre disposição, o fim visado pela fundação fica legalmente sujeito ao reconhecimento do governo que atenderá à idoneidade do fim e à suficiência patrimonial (…).
A administração da Fundação foi continuada pelo seu filho primogénito D. Fernando de Sousa Botelho de Albuquerque, o 4º Conde de Mangualde, que é hoje o actual Director Delegado da Fundação da Casa de Mateus.
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